8º ano_Mitologias e Artes

v  MITOLOGIAS E ARTE

A mitologia pode estar mais próxima da sua realidade do que você imagina. Em desenhos animados, histórias em quadrinhos (HQs), no cinema, na literatura, em séries de televisão e até em jogos há personagens e aventuras inspiradas em histórias mitológicas.

Observe a imagem ao lado. Você conhece esse personagem? Resposta pessoal. Seu nome é Seiya de Pégaso e ele é um integrante dos Cavaleiros do Zodíaco, um desenho animado muito popular nos anos 1990. Criada pelo artista Masami Kurumada, a série de mangá (HQs japonesas) tinha o nome de Saint Seiya e logo foi adaptada para animê (desenho animado japonês), que estreou no Brasil em 1994. Inspirada na mitologia grega, a série conta a saga dos cavaleiros protetores da deusa Atena. Regidos por diferentes constelações, eles lutam contra deuses para defender uma jovem que descobre ser a reencarnação da própria deusa. Ainda que referências a outras mitologias também estejam presentes, é a grega que norteia essa série japonesa. As mitologias representam a visão de mundo das culturas e regiões às quais pertencem, mas exercem um fascínio que ultrapassa suas fronteiras porque partem de assuntos e inquietações universais. As mitologias tentam nos explicar o que parece inexplicável e a arte se alimenta desse imaginário.

Mitologias e seus ensinamentos

Cada mitologia é um repertório de histórias e modos de tentar compreender e explicar o mundo e a vida. O que você descobrirá aqui é só uma pequena amostra de algumas das tantas mitologias que existem, relacionadas com produções artísticas da área de artes visuais, música ou cinema. Os mitos geralmente são narrativas simbólicas que explicam a origem de costumes, festejos, rituais e outras experiências nas diferentes culturas.

Entre os indígenas Kaxinawá, os ritos de passagem demarcam o momento em que as crianças se tornam adolescentes e incluem diversas atividades, como sessões de pulo e corrida, com o objetivo de fazer crescer os ossos e firmar os corpos. Um dos ritos é baseado em um mito de criação segundo o qual o primeiro corpo humano foi criado do tronco de uma árvore, a samaúma, chamada pelos indígenas de Yube hi. Essa árvore possibilita relações entre a esfera celeste e a aquática, e abriga seres míticos como o gavião-real e a jiboia. Ela cresce perto do lugar onde mora a grande sucuri mítica, a dona do mundo aquático. Por reunir esses e outros atributos, a samaúma é uma referência para a formação das crianças que estão virando adultos. A árvore possui qualidades que podem ser transmitidas para elas, como a força e a firmeza, para que não sintam medo; o enraizamento no local onde vivem, e o conhecimento para saber crescer, florescer e morrer. Por isso, durante um dos momentos dos ritos, os Kaxinawá constroem bancos de tronco de samaúma para as crianças se sentarem.

MITO DE CRIAÇÃO

As mitologias, geralmente, tentam explicar a criação do mundo e do ser humano. É o caso de um mito de criação do povo Maia – civilização que habitou a região da América Central por volta de 2500 a.C. – registrado no Popol Vuh, um livro sagrado maia que registra saberes

 

míticos em forma de relatos poéticos. O mito relata como o deus Kukulcán, que tem um corpo de serpente coberto de penas, inicia a criação do mundo ao lado de outros dois deuses: o Huracán, das Tempestades, e o Tepeu, do Céu. Juntos, criam a Luz. Depois, a partir apenas da palavra, criam a Terra, com a vegetação. Em seguida, criam quase todas as espécies de animais, exceto os humanos. Eles desejavam que alguns dos animais criados pudessem, assim como eles, falar, para que louvassem e lembrassem deles, seus criadores. Entendiam que ser esquecido é, de certa forma, deixar de existir. Tentaram então criar esses seres com barro. Porém, a tentativa fracassou. Encharcados, desmanchavam-

 

se ou, depois de secos, rachavam. Além disso, produziam apenas sons incompreensíveis. Então foram jogados de volta na água, onde se transformaram em peixes. A segunda tentativa foi com madeira: eles entalharam os seres em pedaços de galhos de árvores. Mas os resultados também não foram satisfatórios: apesar de conseguirem falar, não possuíam sangue nem suor e até a seiva e a resina, naturais das madeiras, evaporaram de seus corpos. Além disso, falavam apenas de si mesmos, esquecendo-se dos deuses que, então, trataram de extingui-los. A única tentativa que deu certo foi com uma mistura de água com milho branco e milho amarelo triturados. Os seres humanos modelados com essa mistura falavam, mostravam reconhecimento e gratidão aos deuses, tinham uma visão aguçada e eram muito inteligentes, tão sábios quanto os próprios deuses. Essas duas últimas qualidades preocuparam os deuses, que julgaram não ser apropriado haver homens com tanto conhecimento quanto eles. Assim, fizeram com que sua visão fosse apenas como a de quem vê por um espelho embaçado e que nenhum deles soubesse sobre tudo.

Mitologia inspirando literatura e cinema

 Algumas mitologias foram preservadas desde a Antiguidade por meio de registros escritos e de pesquisas e inspiraram diferentes produções culturais e artísticas. É o caso das mitologias nórdicas.

O escritor e pesquisador de mitologias e línguas antigas, John R. R. Tolkien (1892-1973) lançou em 1954 a obra literária “O Senhor dos Anéis”, que tem a mitologia entre suas fontes, e serviu de base para a trilogia cinematográfica de mesmo nome. A história se passa na Terra Média, um universo mágico criado por Tolkien e habitado não apenas por humanos, mas também por anões, elfos, hobbits e magos – presentes na imagem abaixo – e outros seres, inspirados em diferentes mitologias.

O SENHOR dos Anéis: A Sociedade do Anel. Direção: Peter Jackson. Estados Unidos, 2001. Fotograma.

 

 


A trama se desenvolve em torno de um anel capaz de exercer poder sobre todos esses seres, criado por Sauron, o lorde das trevas. O universo criado pelo autor remete à época medieval, com reis, cavaleiros, músicas características e batalhas travadas com espadas, lanças, machados e outras armas da época. Isso tudo se reflete na trilha sonora e na construção das imagens, na escolha das locações e na caracterização dos personagens. O primeiro filme começa pela música: com a tela ainda preta, enquanto são exibidos os créditos iniciais, ouve-se um canto coral, que lembra cantos sacros medievais; então um sussurro em língua élfica, traduzido por outra voz, diz que o mundo está mudando e isso pode ser percebido na água, na terra e no ar. Quando a voz élfica e o canto param, prossegue apenas o som de instrumentos de orquestra. A voz que traduz completa dizendo que muito do que existia se perdeu e não há mais ninguém vivo que se lembre. Podemos interpretar que essas falas iniciais, cuja dramaticidade é intensificada pelo canto coral e pelos sons da orquestra, de certa forma já remetem aos mitos, que podem guardar saberes relacionados à natureza. A trilha instrumental segue sintonizada às imagens e à voz narradora, que compõem uma espécie de prólogo do filme. Uma mudança marcante na música ocorre quando o mago Gandalf chega ao condado dos hobbits. Para caracterizar

 

 

esse local, junto com imagens que mostram ações do dia a dia no condado, soa uma música leve e animada, na qual se destaca o som do bodhrán, um tambor de origem antiga e que hoje é usado por grupos que tocam músicas de origem celta.

Outro aspecto musical marcante na trilogia são canções vinculadas a algum personagem específico, como no terceiro filme, em que o hobbit Pippin interpreta uma canção, enquanto passam imagens de uma batalha. Uma música ser cantada por um personagem que está vivendo toda a história pode intensificar sua dramaticidade e dar destaque para a letra da canção. Capas de edições do século XXI da série literária O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Em relação aos aspectos visuais do filme, uma referência importante são os livros originais de Tolkien, que fez centenas de desenhos e ilustrações para sua obra literária, incluindo as capas dos três livros da saga em questão, retratadas ao lado.

Mitologia grega

 Os mitos representam forças que não podem ser totalmente dominadas pela racionalidade humana. São narrativas que buscam explicar o inexplicável, que dão vida a entidades sagradas que se assemelham aos humanos em seus conflitos. Também encontramos conflitos humanos, personalidades fortes e relações complexas na mitologia grega. Dentre os deuses gregos, Zeus é um dos mais conhecidos e também o mais poderoso. Ele é o rei dos deuses e dos homens, posição que assumiu ao tomar o poder de seu pai, o titã Cronos. Zeus divide o comando do universo com seus dois irmãos: Poseidon, deus dos oceanos, e Hades, que impera no reino dos mortos. Antes dessa divisão, a terra era dominada pelos titãs, deuses primordiais da origem do mundo. Na história contada pelo escritor estadunidense Thomas Bulfinch (1796-1867), em O Livro de Ouro da Mitologia, Zeus foi salvo por sua mãe de ser devorado por Cronos (o Tempo), que já tinha feito isso com seus irmãos. Cronos, após beber uma poção, vomita todos os filhos que tinha devorado e, então, Zeus acaba por destroná-lo e passa a imperar nos céus, dominando a chuva, os raios e os trovões. Em geral, as histórias desses mitos são metáforas para algum ensinamento e não devem ser entendidas no sentido literal.

A mitologia grega foi adotada pelo Império Romano na Antiguidade Clássica, o que contribuiu para sua difusão, embora com nomes romanos. Uma das principais formas de difundir os mitos foi por meio da representação artística de seus deuses. Já nos tempos em que essas mitologias eram parte de religiões praticadas, artistas se dedicaram a compreender que m eram os deuses e como eles poderiam ser personificados.

Até por volta dos anos 400 a.C., a produção artística na Grécia não era composta de esculturas e templos grandiosos, como ficou mais tarde conhecida. Até então a cerâmica era a técnica mais utilizada. Mas nessa época, começaram a surgir as imagens figurativas, como vemos nesse vaso. Assim, as peças utilitárias gregas retratavam as crenças daquele lugar naquela época. Duas técnicas foram muito empregadas na produção da cerâmica grega: a cerâmica com as figuras em preto e a cerâmica com as figuras em vermelho.

 

 

A cerâmica, quando queimada, ganha um tom avermelhado e, para ficar com áreas em preto, ela precisa ser pintada. No vaso da imagem na página anterior, a pintura se concentrou no fundo da figura. A mitologia grega também foi tema de obras de grandes pintores europeus de diferentes épocas.

Outros autores também basearam-se em lendas antigas para criar seus heróis, como no caso da Mulher-Maravilha e do Flash. Esses heróis surgiram nos Estados Unidos em momentos históricos complexos, primeiro em função da crise econômica dos anos 1930, e, depois, no contexto da Segunda Guerra Mundial, nos anos 1940, como elementos de propaganda política. Apesar das críticas por ressaltar o corpo feminino, em uma caracterização um tanto sensualizada, a Mulher-Maravilha, criada em 1941, foi inspirada nas mulheres com as quais o criador da personagem, o psicólogo William Moulton Marston (1893-1947), convivia. Ela era uma heroína poderosa, forte e independente, em uma época em que as mulheres ainda eram muito reprimidas e pouco valorizadas.

Frequentemente desenhada por homens, a caracterização inicial da Mulher-Maravilha, criada pelo desenhista H. G. Peter (1880-1958), começou com uma saia e um collant sem alça, traje que foi diminuindo com o passar do tempo, até retornar, recentemente, a algo mais próximo do modelo original, agora com a presença de desenhistas mulheres na equipe, como a brasileira Bilquis Evely (1990-).

Na história dos primeiros quadrinhos, a Mulher-Maravilha, também chamada Diana Prince em sua identidade secreta, é filha da rainha das amazonas, Hipólita. Ela teria sido criada do barro no reino das amazonas, constituído apenas por mulheres guerreiras, e teria poderes por ter sido abençoada pelos deuses do Olimpo. Na versão do filme lançado em 2017, ela é uma semideusa, filha de Zeus com Hipólita. Para não sofrer a ira do ciúme de Hera, a esposa do deus do Olimpo, seus pais a mantêm escondida no reino das Amazonas e mantêm sua origem em segredo. A verdade só é revelada a Diana quando seus poderes se tornam tão evidentes que não é mais possível escondê-los ou justificá-los. Forte e destemida como Zeus, ágil como as amazonas, a Mulher-Maravilha do século XXI veste uma armadura de guerreira, mesclando a inspiração grega com a estética dos super-heróis contemporâneos.

A mitologia nórdica também inspirou os super-heróis da Marvel: nas histórias de Thor, por exemplo, o mundo de Asgard, o reino dos deuses, é recriado trazendo personagens como Loki, Odin e Hela.

Apostila completa acesse aqui👇 

https://docs.google.com/document/d/1m8Too2FCMBq0BkDbRb4HjR5QaEmLp8cH/edit?usp=sharing&ouid=110519080911767020119&rtpof=true&sd=true

MANUALPROF_arte_8_PNLD2020_16630_seliganaarte.pdf

 


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