9º ano_ MÚSICA E CENSURA NA ERA VAR
MÚSICA E CENSURA NA ERA VARGAS
Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas desenvolveu
uma política estrategista de dominação, que incluía, entre outras coisas, a
propaganda. Inspirado nas técnicas de propagandas nazifascistas, em 1939 Vargas
criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão subordinado
diretamente ao presidente da República.
O DIP era o órgão responsável por produzir textos, programas de rádio,
documentários cinematográficos e cartazes em que o presidente aparecia de forma
bem paternalista. Além desse controle, o DIP exercia de forma severa a censura
sobre os jornais, as revistas, o teatro, o cinema, a literatura, o rádio e as
demais manifestações culturais. O rádio foi, sem dúvida, um dos órgãos mais
fiscalizados, pois era o meio de comunicação que atingia as mais diversas
classes.
O samba O Bonde de São Januário, de autoria de Wilson Batista, foi
censurado. A letra original dizia: “O bonde de São Januário/leva mais um sócio
otário/só eu não vou trabalhar”. O DIP determinou que a letra fosse modificada.
Veja como a letra ficou:
O Bonde de São Januário
Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O Bonde de São Januário leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízo
Mas hoje eu penso melhor no futuro
Graças a Deus sou feliz vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
Passe bem!
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Composição: Wilson Batista
A ERA DO RÁDIO
A chegada do rádio mudou totalmente essa situação de isolamento. Por meio desse aparelho, milhões de pessoas tiveram acesso a notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e de variedades. Tudo numa velocidade jamais imaginada. Cantores e compositores encantavam multidões de norte a sul. Mulheres de todas as cidades acompanhavam as radionovelas. As conversas foram enriquecidas por informações que chegavam pelas ondas de rádio. As pessoas se sentiam integradas, tinham um repertório comum de notícias, músicas, fantasias. O rádio criou moda, estimulou debates, transmitiu informações, reduziu a distância entre pessoas, entre países. E se mostrou um poderoso instrumento de propaganda política.
As emissoras de rádio foram financiadas, em sua
maioria, pelos produtos de empresas norte-americanas que começaram a chegar
para o consumidor brasileiro. Eram os novos produtos industrializados, como
sabonetes, cremes dentais, a Coca-Cola e a Aspirina. Para que os brasileiros
fossem atraídos para essas novidades, contrataram empresas de publicidade dos
Estados Unidos, que investiram nas emissoras comerciais, financiando programas
inteiros. O rádio foi um instrumento fundamental de mudança de mentalidade — e
do domínio da indústria cultural norte-americana no Brasil. A emissora mais
importante no Brasil, e que se tornaria modelo para as outras, foi a Rádio
Nacional, do Rio de Janeiro.
A ERA DO RÁDIO / MÚSICA
Curiosidades Musicais
Produzido por Almirante, antigo parceiro de Noel Rosa e Braguinha no
conjunto musical Bando de Tangarás, o programa estreou em abril de 1938, sob o
patrocínio de Eucalol, “o sabonete do Brasil”. Almirante fazia tudo: contava a
história das músicas, falava sobre a vida dos intérpretes, tocava canções.
“Curiosidades Musicais” ia ao ar sempre às segundas-feiras, às 21 horas, na
Rádio Nacional. Em 1942, Almirante lançou outro programa de muito sucesso, na
mesma emissora: “História do Rio pela Música”.
Um Milhão de Melodias
Patrocinado pela Coca-Cola, que estava chegando ao mercado brasileiro,
“Um Milhão de Melodias” foi o mais famoso programa musical do rádio brasileiro,
executando sucessos brasileiros e norte-americanos.
A Orquestra Brasileira, criada especialmente para o programa e
comandada por Radamés Gnatalli, era formada por músicos notáveis como
Bola-Sete, Garoto (violões), Luciano Perrone (bateria, vibrafone e tímpano),
Chiquinho (acordeão), José Menezes (cavaquinho), João da Baiana, Bide e Heitor
dos Prazeres (percussão).
Os maiores artistas do rádio brasileiro participaram do programa, que
estreou em janeiro de 1943 e ia ao ar às quartas-feiras às 20h30.
Instantâneos Sonoros Brasileiros
Produzido por Almirante, com roteiro de José Mauro e direção musical de
Radamés Gnatalli, o programa era dedicado à cultura popular e ao folclore
brasileiro, sempre sob o viés musical. Estreou na Rádio Nacional em 1940.
Programas de calouros
Alguns dos maiores intérpretes brasileiros, como Emilinha Borba, foram
descobertos em programas de calouros, como “Calouros em Desfile”, apresentado
por Ari Barroso na Rádio Tupi, e “A Hora do Pato”, com Héber de Bôscoli, na
Rádio Nacional.
O que foi o Movimento Manguebeat?
O Movimento Manguebeat desenvolveu-se em Recife, capital do estado de
Pernambuco, a partir de 1991, e consistiu em uma “cena cultural”, especialmente
de corte musical, que misturava elementos da cultura regional de Pernambuco,
como o maracatu rural, com a cultura pop, sobretudo o rock'n roll e o hip-hop.
O Manguebeat também desenvolveu uma forma própria de exprimir
visualmente essa mistura. O uso do chapéu de palha, típico da cultura
pernambucana, aliado a acessórios da cultura pop, como óculos escuros, camisas
estampadas, tênis e colares coloridos produziu um efeito visual acentuado em
seus integrantes.
Os principais idealizadores da cena Manguebeat foram:
Chico Science,
Fred Zero Quatro,
Renato L,
Mabuse,
Héder Aragão.
Somaram-se a eles Jorge du Peixe, Pupilo, Lúcio Maia, Toca Ogan, Gilmar
Bola 8, Gustavo da Lua, Otto, entre outros.
Origem do Manguebeat
O termo “manguebeat” é fruto de uma junção da palavra mangue,
que designa um ecossistema típico da costa do Nordeste brasileiro e da cidade
de Recife, com a palavra beat, do inglês, que significa batida – mas que também
remete à linguagem dos códigos binários utilizados na informática: beat, bits.
O caranguejo, forma de vida típica do mangue (ou da lama dos
manguezais), que é capturado e vendido por trabalhadores da região, tornou-se o
símbolo do Manguebeat. Inclusive, o principal manifesto desse movimento
cultural, escrito por Fred Zero Quatro, tem o título de “Caranguejos com
cérebro”.
“Hoje, os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em
hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores marítimos
(principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio,
sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos étnicos, midiotia, Malcom
Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da química aplicados no terreno da alteração
e expansão da consciência.” (Trecho de “Caranguejos com cérebro”).
As principais influências regionais do Manguebeat, como estão
destacadas no trecho do manifesto acima, foram Jackson do Pandeiro e Josué de
Castro, mas também Mestre Salustiano, Ariano Suassuna e Quinteto Armorial.
As principais bandas que lideraram esse movimento em Recife foram:
Chico Science e Nação Zumbi, liderada por Chico Science,
Mundo Livre S/A, liderada por Fred Zero Quatro.
Esses dois líderes, sobretudo Chico Science (Francisco de Assis França)
– que morreu prematuramente em 1997, aos 30 anos –, mostraram grande capacidade
de articulação em meio às tradições culturais do Nordeste. Chico Science
incorporou muitos elementos do maracatu rural em suas músicas, tanto em componentes
melódicos quanto nas letras, além de, frequentemente, fazer apresentações
vestido com a colorida fantasia de caboclo do maracatu.
Foi na cidade de Recife, capital
de Pernambuco, que nasceu o Movimento Manguebeat, nos anos 1990.
Nos versos a seguir extraídos da música “Manguetown”, de Chico Science
& Nação Zumbi, fica clara a insatisfação do grupo com a situação precária
de Recife na década de 1990. A cidade é referida na letra da música como
“manguetown” (cidade do mangue).
Estou enfiado na lama
É um bairro sujo
Onde os urubus têm casas
E eu não tenho asas
Mas estou aqui em minha casa
Onde os urubus têm asas
Vou pintando segurando as paredes do mangue do meu quintal
Manguetown
Andando por entre os becos
Andando em coletivos
Ninguém foge ao cheiro sujo
Da lama da Manguetown
O “cheiro sujo” do mangue, “onipresente” na cidade, foi a metáfora que
o manguebeat encontrou para escancarar os problemas de Recife e do Nordeste. Na
segunda metade da década de 1990, os representantes desse movimento já haviam
conseguido expandir sua arte para o Brasil todo, bem como para outras regiões
do mundo.
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/musica-censura-na-era-vargas.htm
https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/o-que-foi-movimento-manguebeat.htm
http://memorialdademocracia.com.br/page/a-era-do-radio/estilos/musica
http://memorialdademocracia.com.br/page/a-era-do-radio
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