9º ano_ MÚSICA E CENSURA NA ERA VAR

  MÚSICA E CENSURA NA ERA VARGAS

 

Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas desenvolveu uma política estrategista de dominação, que incluía, entre outras coisas, a propaganda. Inspirado nas técnicas de propagandas nazifascistas, em 1939 Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão subordinado diretamente ao presidente da República.

O DIP era o órgão responsável por produzir textos, programas de rádio, documentários cinematográficos e cartazes em que o presidente aparecia de forma bem paternalista. Além desse controle, o DIP exercia de forma severa a censura sobre os jornais, as revistas, o teatro, o cinema, a literatura, o rádio e as demais manifestações culturais. O rádio foi, sem dúvida, um dos órgãos mais fiscalizados, pois era o meio de comunicação que atingia as mais diversas classes.

O samba O Bonde de São Januário, de autoria de Wilson Batista, foi censurado. A letra original dizia: “O bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu não vou trabalhar”. O DIP determinou que a letra fosse modificada. Veja como a letra ficou:

 

O Bonde de São Januário

 

Quem trabalha é quem tem razão

Eu digo e não tenho medo de errar

O Bonde de São Januário leva mais um operário

Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo

Mas hoje eu penso melhor no futuro

Graças a Deus sou feliz vivo muito bem

A boemia não dá camisa a ninguém

Passe bem!

 

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Composição: Wilson Batista

A ERA DO RÁDIO

 O rádio foi o principal veículo de comunicação de massa do Brasil entre 1930 e o início da década de 1960. Naquela época, não existia televisão. Computador e telefone celular era coisa de ficção científica, daí nem se sonhava com internet e redes sociais. Havia o telefone fixo, mas era uma novidade acessível a poucas famílias. As notícias demoravam a chegar e eram raras. Quem podia lia jornais, porém quase dois terços da população brasileira era analfabeta. Poucos conheciam o disco, e só se ouvia música quando tocada ao vivo. Afinal, a indústria fonográfica também engatinhava.


A chegada do rádio mudou totalmente essa situação de isolamento. Por meio desse aparelho, milhões de pessoas tiveram acesso a notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e de variedades. Tudo numa velocidade jamais imaginada. Cantores  e compositores encantavam multidões de norte a sul. Mulheres de todas as cidades acompanhavam as radionovelas. As conversas foram enriquecidas por informações que chegavam pelas ondas de rádio. As pessoas se sentiam integradas, tinham um repertório comum de notícias, músicas, fantasias. O rádio criou moda, estimulou debates, transmitiu informações, reduziu a distância entre pessoas, entre países. E se mostrou um poderoso instrumento de propaganda política.

As emissoras de rádio foram financiadas, em sua maioria, pelos produtos de empresas norte-americanas que começaram a chegar para o consumidor brasileiro. Eram os novos produtos industrializados, como sabonetes, cremes dentais, a Coca-Cola e a Aspirina. Para que os brasileiros fossem atraídos para essas novidades, contrataram empresas de publicidade dos Estados Unidos, que investiram nas emissoras comerciais, financiando programas inteiros. O rádio foi um instrumento fundamental de mudança de mentalidade — e do domínio da indústria cultural norte-americana no Brasil. A emissora mais importante no Brasil, e que se tornaria modelo para as outras, foi a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro.

 

A ERA DO RÁDIO / MÚSICA

 

Curiosidades Musicais

 

Produzido por Almirante, antigo parceiro de Noel Rosa e Braguinha no conjunto musical Bando de Tangarás, o programa estreou em abril de 1938, sob o patrocínio de Eucalol, “o sabonete do Brasil”. Almirante fazia tudo: contava a história das músicas, falava sobre a vida dos intérpretes, tocava canções. “Curiosidades Musicais” ia ao ar sempre às segundas-feiras, às 21 horas, na Rádio Nacional. Em 1942, Almirante lançou outro programa de muito sucesso, na mesma emissora: “História do Rio pela Música”.

 

Um Milhão de Melodias

Patrocinado pela Coca-Cola, que estava chegando ao mercado brasileiro, “Um Milhão de Melodias” foi o mais famoso programa musical do rádio brasileiro, executando sucessos brasileiros e norte-americanos.

 

A Orquestra Brasileira, criada especialmente para o programa e comandada por Radamés Gnatalli, era formada por músicos notáveis como Bola-Sete, Garoto (violões), Luciano Perrone (bateria, vibrafone e tímpano), Chiquinho (acordeão), José Menezes (cavaquinho), João da Baiana, Bide e Heitor dos Prazeres (percussão).

 

Os maiores artistas do rádio brasileiro participaram do programa, que estreou em janeiro de 1943 e ia ao ar às quartas-feiras às 20h30.

 

Instantâneos Sonoros Brasileiros

Produzido por Almirante, com roteiro de José Mauro e direção musical de Radamés Gnatalli, o programa era dedicado à cultura popular e ao folclore brasileiro, sempre sob o viés musical. Estreou na Rádio Nacional em 1940.

 

Programas de calouros

Alguns dos maiores intérpretes brasileiros, como Emilinha Borba, foram descobertos em programas de calouros, como “Calouros em Desfile”, apresentado por Ari Barroso na Rádio Tupi, e “A Hora do Pato”, com Héber de Bôscoli, na Rádio Nacional.

 

O que foi o Movimento Manguebeat?

 

O Movimento Manguebeat desenvolveu-se em Recife, capital do estado de Pernambuco, a partir de 1991, e consistiu em uma “cena cultural”, especialmente de corte musical, que misturava elementos da cultura regional de Pernambuco, como o maracatu rural, com a cultura pop, sobretudo o rock'n roll e o hip-hop.

O Manguebeat também desenvolveu uma forma própria de exprimir visualmente essa mistura. O uso do chapéu de palha, típico da cultura pernambucana, aliado a acessórios da cultura pop, como óculos escuros, camisas estampadas, tênis e colares coloridos produziu um efeito visual acentuado em seus integrantes.

 

Os principais idealizadores da cena Manguebeat foram:

 

Chico Science,

Fred Zero Quatro,

Renato L,

Mabuse,

Héder Aragão.

 

Somaram-se a eles Jorge du Peixe, Pupilo, Lúcio Maia, Toca Ogan, Gilmar Bola 8, Gustavo da Lua, Otto, entre outros.

 

Origem do Manguebeat

 

O termo “manguebeat” é fruto de uma junção da palavra mangue, que designa um ecossistema típico da costa do Nordeste brasileiro e da cidade de Recife, com a palavra beat, do inglês, que significa batida – mas que também remete à linguagem dos códigos binários utilizados na informática: beat, bits.

O caranguejo, forma de vida típica do mangue (ou da lama dos manguezais), que é capturado e vendido por trabalhadores da região, tornou-se o símbolo do Manguebeat. Inclusive, o principal manifesto desse movimento cultural, escrito por Fred Zero Quatro, tem o título de “Caranguejos com cérebro”.


                                     O caranguejo tornou-se o símbolo do Movimento Manguebeat.

 A denominação manguebeat pretendia tornar clara a proposta desse manifesto. Nele, Zero Quatro afirma que as “artérias” da cultura do Recife estavam “bloqueadas”, que Recife “estava morrendo” econômica e culturalmente e que, portanto, era necessário revitalizar a cultura da cidade, misturando o tradicional com o moderno. No trecho a seguir, fica clara a proposta do autor:

“Hoje, os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores marítimos (principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio, sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da química aplicados no terreno da alteração e expansão da consciência.” (Trecho de “Caranguejos com cérebro”).

As principais influências regionais do Manguebeat, como estão destacadas no trecho do manifesto acima, foram Jackson do Pandeiro e Josué de Castro, mas também Mestre Salustiano, Ariano Suassuna e Quinteto Armorial.

 

As principais bandas que lideraram esse movimento em Recife foram:

 

Chico Science e Nação Zumbi, liderada por Chico Science,

Mundo Livre S/A, liderada por Fred Zero Quatro.

 

Esses dois líderes, sobretudo Chico Science (Francisco de Assis França) – que morreu prematuramente em 1997, aos 30 anos –, mostraram grande capacidade de articulação em meio às tradições culturais do Nordeste. Chico Science incorporou muitos elementos do maracatu rural em suas músicas, tanto em componentes melódicos quanto nas letras, além de, frequentemente, fazer apresentações vestido com a colorida fantasia de caboclo do maracatu.

 Foi na cidade de Recife, capital de Pernambuco, que nasceu o Movimento Manguebeat, nos anos 1990.

Nos versos a seguir extraídos da música “Manguetown”, de Chico Science & Nação Zumbi, fica clara a insatisfação do grupo com a situação precária de Recife na década de 1990. A cidade é referida na letra da música como “manguetown” (cidade do mangue).

 

Estou enfiado na lama

É um bairro sujo

Onde os urubus têm casas

E eu não tenho asas

Mas estou aqui em minha casa

Onde os urubus têm asas

Vou pintando segurando as paredes do mangue do meu quintal

Manguetown

Andando por entre os becos

Andando em coletivos

Ninguém foge ao cheiro sujo

Da lama da Manguetown

 

O “cheiro sujo” do mangue, “onipresente” na cidade, foi a metáfora que o manguebeat encontrou para escancarar os problemas de Recife e do Nordeste. Na segunda metade da década de 1990, os representantes desse movimento já haviam conseguido expandir sua arte para o Brasil todo, bem como para outras regiões do mundo.

 

https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/musica-censura-na-era-vargas.htm

https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/o-que-foi-movimento-manguebeat.htm

http://memorialdademocracia.com.br/page/a-era-do-radio/estilos/musica

http://memorialdademocracia.com.br/page/a-era-do-radio

 

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